Tomando cada vez mais espaço no cenário das grandes cidades, as gigantescas construções vão se superando dia após dia. Constantemente percebe-se que, em um determinado terreno onde existia apenas uma simples casa ou pequeno empreendimento, pouco tempo depois (em muitos casos, em questão de meses), ganha espaço um grande edifício, seja ele comercial ou residencial.

  O setor da construção civil constitui um importante segmento econômico no país e tem investido amplamente em novas obras, e como exemplo, temos a capital paulista. Em muitos pontos da cidade, como os comerciais da região da Avenida Paulista ou então da Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, é bastante difícil observar algum ponto a curta distância: o que temos são arranha-céus muito próximos que chegam até mesmo a prejudicar a paisagem uns dos outros.

  Neste setor, existe o PBQP-H, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, importante ferramenta na área da construção civil desenvolvida na década de 90 com o propósito de difundir os novos conceitos de qualidade, gestão e organização no segmento. Instrumento do governo federal, o Programa tem como meta a organização do setor da construção civil com base na melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva, que são seus dois pontos prioritários.

  Dentre a gama de ações desempenhadas pelo PBQP-H, estão a avaliação da conformidade de empresas, serviços e obras; melhoria da qualidade de materiais; formação e requalificação de mão-de-obra; normalização técnica; capacitação de laboratórios; avaliação de tecnologias inovadoras; informação ao consumidor e promoção da comunicação entre os setores envolvidos, conforme descreve o Ministério das Cidades.

  Integrado à Secretaria Nacional de Habitação, do Ministério das Cidades, o Programa conta com a participação de diversas entidades que representam divisões da cadeia produtiva, como construtores, projetistas, entre outros, assim como a comunidade acadêmica e entidades de normalização, buscando assim a articulação com o setor privado.

  A norma do PBQP-H é o SiAC, Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil, focada na avaliação da conformidade de empresas construtoras. Tendo como base a ISO 9000, o SiAC apresenta caráter evolutivo, com níveis de avaliação da conformidade de forma progressiva, sendo os Níveis D, C, B e A. O Nível D é a adesão ao programa, realizada pela própria empresa. Já para os Níveis C, B e A as empresas passam por auditorias de certificação desenvolvidas por organismos de certificação acreditados peio Inmetro, explica Maurilen Zimenez, coordenadora da área da construção civil da Fundação Carlos Alberto Vanzolini.

  A Fundação Vanzolini é um exemplo de certificadora que emite a acreditação PBQP-H para empresas. “Apresentamos a certificação na área da construção civil desde 1997, com o programa do estado de São Paulo (Qualihab) e, logo em seguida, com o PBQP-H”, conta Zimenez. Segundo ela, os requisitos específicos para que uma empresa venha buscar a certificação compreendem: lista obrigatória de serviços e materiais controlados; itens referentes à segurança do trabalho; itens sobre o tratamento adequado dos resíduos gerados nas obras.

  Para Zimenez, é nítida a distinção de uma obra desenvolvida por uma empresa que apresenta a certificação PBQP-H daquela que não é certificada. “As principais diferenças se resumem em demonstrar seus processos por meio de auditoria presencial independente para atingir os objetivos planejados, incluindo atendimento aos requisitos legais e do cliente”.

Processo AQUA

  Desde abril de 2008, a Fundação Vanzolini, em cooperação com o CSTB (Centre Scientifique et Technique du Bâtiment) / Certivéa e Qualitel / CERQUAL da França, com suporte técnico dos professores do departamento de engenharia de construção civil da Escola Politécnica da USP, realizou a adaptação da “Démarche HQE” para o Brasil, oferecendo ao mercado a Certificação da Construção Sustentável — Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Atualmente, são 14 empreendimentos que já aderiram ao Processo, sendo que sete já foram certificados.

  O Processo AQUA está firmado no atendimento a 14 categorias dentro da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), que têm como base critérios de desempenho, exigindo também um Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE), que coordena o projeto em todas as fases. “O SGE prevê que, para começar o empreendimento, já é definido o perfil de desempenho, levando em consideração fatores que são a opção funcional do empreendimento e contexto local”, comenta Manuel Carlos dos Reis Martins, coordenador executivo do Processo AQUA na Fundação Vanzolini.

  Com a finalidade de demonstrar a qualidade ambiental das edificações, a certificação é de cunho internacional e tem sua emissão feita pela Fundação em cada uma das três fases do empreendimento, que são: programa; concepção e realização. A certificação no Processo aprova que os empreendedores imobiliários trabalham com todos os cuidados com a gestão do projeto.São levados em consideração os princípios da ecoconstrução, ecogestão e de conforto e saúde. A ecoconstrução é a relação do edifício com o           entorno, materiais e canteiro de obra com baixo impacto ambiental. A ecogestão inclui a gestão da energia, da água e dos recursos em uso. E o conforto e saúde abrangem os critérios acústicos, visuais, olfativos, qualidade sanitária de ar, água e ambiente do empreendimento habitacional, detalha Martins.

  A certificação no Processo AQUA é um grande atrativo para as obras. O grande diferencial do Processo é que a certificação comprova que foi construído um edifício ambientalmente correto, o que contribui para gerar maior velocidade de vendas, explica Martins. Diferentemente de outras certificações no setor, o AQUA vem priorizar a concepção do empreendimento e também realiza a avaliação e auditoria de forma presencial. “O Processo é rigoroso e exige o atendimento a todos os critérios da Qualidade Ambiental do Edifício, além de um sistema de gestão, o que não acontece com outras certificações ambientais”, completa.

A sustentabilidade dentro e fora das construtoras

   A sustentabilidade vem ganhando espaço nos mais variados segmentos e no setor da construção civil não tem sido diferente. Além das certificações existentes, a exemplo do Processo AQUA, as construtoras vêm investindo intensamente na área, buscando formas próprias para realizarem projetos inovadores no segmento.

  Com mais de quatro décadas de mercado, a Cosil Construções e Incorporações é certificada com a ISO 9001 e com o PBQP-H Nível A e passou a trabalhar com um amplo projeto de sustentabilidade, atuando em duas frentes: ações ambientais na obra e na empresa como um todo.

  A filosofia da Cosil sempre contou com a sustentabilidade, mas nos últimos anos tem ganhado mais destaque. “Desde 2007 estamos dando mais prioridade ao assunto. Preocupações com as mudanças climáticas, com a responsabilidade social e com a nossa responsabilidade como empresa e vetor de mudança na sociedade determinaram a implantaçào de projetos voltados à sustentabilidade”, descreve Samara Meneses Silva, gestora de incorporação da construtora.

  A Cosil apresenta um amplo projeto de sustentabilidade, o qual está sendo implantado. Temos ações nas nossas obras, na nossa gestão, nos nossos empreendimentos. Nossos clientes têm opções sustentáveis, como oKit Sustentabilidade, entre outros diferenciais, relata Silva. O “Kit Sustentabilidade” a que ela se refere é composto por porcelanatos ecológicos, madeiras certificadas e bacias sanitárias com sistema de controle de água, entre outros diferenciais, como forma de trazer ao cliente aquilo que podemos chamar de acabamento ecológico.

  Para Silva, a abrangência da proposta da sustentabilidade nas obras influencia até mesmo nos custos do condomínio aos moradores do edifício.Os projetos de obras que consideram a sustentabilidade é adequado aos portadores de necessidades especiais, possuem acabamentos que agridem menos a natureza, espaço para a coleta seletiva de lixo, entre outros itens. Os clientes gostam bastante do Kit Sustentabilidade que oferecemos e do espaço para coleta seletiva de lixo, assim como iniciativas que reduzem o preço do condomínio, acrescenta.

  Desde outubro de 2008 a empresa é signatária do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas, que tem como objetivo mobilizar as comunidades empresariais do mundo para a adoção de valores fundamentais nas áreas dos direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Participam desta iniciativa empresas, sindicatos, organizações não­ governamentais e outros parceiros que representam diferentes setores da economia e regiões geográficas. O Pacto Global não é de caráter obrigatório e sim uma iniciativa voluntária com a finalidade de gerar diretrizes na promoção do crescimento sustentável e da cidadania, por meio de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras.

FONTE: Banas Qualidade